É realmente um saco ficar ouvindo falar que agora todas as seleções dessa copa, testaram, jogaram, tentaram o esquema 4-2-3-1, com uma linha de quatro, dois volantes, três meias e um atacante. O que é mais irritante ainda, é que essa formação parece que saiu do nada, para ser o mais usado por todas as seleções desta copa. E que técnicos de clubes irão repeti-las nesta nova temporada européia e até mesmo aqui no Brasil.
A Alemanha, foi a seleção que mostrou um futebol bonito e envolvente nesta copa, tendo um contra-ataque mortal, mas que no final, faltou o título para sair coroada como uma grande surpresa. Com Khedira e Schweisteiger de volantes, os dois foram bastante eficientes. Ozil fazia o papel de cérebro da equipe, mas o grande destaque mesmo estava nas pontas, com o jovem Muller e Podolski jogando muita bola e sendo o principal fator da Alemanha ter chegado tão longe. Tanto que a falta de Muller na derrota para a Espanha, demostrou isso.
A campeã espanha, vinha com Torres e Villa na frente, desde a ausência de Raúl, depois da última copa. Porém, já antes da partida contra a Alemanha nesta copa, David Villa voltava para compor o meio-campo do lado esquerdo neste esquema. Iniesta jogava pela direita e Xavi vinha pelo meio, posição que não é a sua habitual e por isso não fez uma copa do mundo como no Barcelona e em outros momentos na própria seleção.
Já a Holanda, jogava com dois volantes raçudos, de Jong e van Bommel e tinha ofensivamente, Sneijder, Robben, Kuyt e van Persie formando um losango na frente. O esquema audacioso e funcional. Não chegava a ser um 4-3-3 pois eram dois volantes e não dois meias. Era um pecado deixar van der Vaart no banco, jogador com as mesmas características de Sneijder, mas que era preterido pelo técnico graças ao esquema e não vinha de uma temporada tão boa quanto seu companheiro. Um outro problema desta equipe foram as lesões. Roben van Persie não jogava desde o início do ano, assim, não tinha ritmo de jogo nem familiaridade em ser o atacante de área, que era de van Nistelrooy.
Dentre outras seleções, a seleção Portuguesa é a que mais usa este esquema (usava, antes de Queiroz ser técnico, hoje é difícil saber qual é o esquema adotado pelo técnico). Como Portugal não tem muitos atacantes de qualidade, Pauleta era sempre o titular. Nuno Gomes era o reserva imediato. Com isso, nas seleções lideradas por Felipão, nas duas eurocopas e na única copa do mundo, Portugal jogava com dois volantes, Maniche e Costinha e três meias, Ronaldo pela direita ou esquerda, revezando com Figo e Deco pelo meio campo. Simão era o cara que entrava no lugar de Figo e ficou com esta vaga após a aposentadoria deste. Após Rui Costa ter pendurado as chuteiras na seleção, Deco ficou inteiramente com a vaga no meio campo.
Para quem não sabe, esse esquema, 4-2-3-1, foi mostrou-se vitorioso pela França, nas duas vezes que ela chegou à final. Em 98, jogando em casa, a equipe tinha quatro atacantes: Guirvach, Dugarry e os promissores Trezeguet e Henry. Depois de vários esquemas e jogadores testados por Aimé Jacquet, técnico de época, a contar também a ausência de Zidane em dois jogos devido ao cartão vermelho que levou ainda na primeira fase. Lutou, foi vencendo, jogou com Trezeguet e Henry contra o Paraguai vencendo no sufoco. Os dois talvez, fossem o grande empecilho para a equipe ideal. Mereceriam a titularidade na copa sendo tão jovens?
Graças à Laurent Blanc expulso, a França não repetiu contra o Brasil, a mesma equipe que venceu a Croácia. No geral, a equipe com Barthez, Thurram, Leboeuf, Desailly e Lizarazu; Deschamps e Djorkaeff eram os dois volantes, Karembeu pela direita, Petit pela esquerda e Zidane pelo meio, formavam o meio campo e Guivarch era o único atacante, deixando seu parceiro Dugarry no banco. Trezegue e Henry, acabaram sendo reservas de luxo, junto com o bom meia Robert Pires e o volante Patrick Vieira.
Depois esta mesma equipe foi campeã da eurocopa em 2000. Com Vieira titular, Zidane era algumas vezes o único meio campo da equipe, sendo auxiliado por Deschamps e Djorkaeff. Guivarch que foi titular em 98, nunca mais seria convocado para uma competição e Dugarry tinha Henry e Trezegue como parceiros de ataque, ou ficava no banco com a dupla nascida em 77 sendo titular.
Já em 2006, a conquista do vice-campeonato com Raymond Domenech veio com Trezeguet errando a cobrança na disputa de pênaltis e culminando a vitória italiana. O camisa 20, jogou a copa inteira como reserva e pouco entrava nas partidas. Entrou na final e se tinha um que poderia vir a errar era ele. Com Henry titular, a equipe tinha a volta de Zidane à seleção novamente como o cérebro do meio campo, junto com Ribéry e Malouda pelos flancos. Makélelé e Vieira formavam a dupla de volantes.
Contudo, a França chegou à duas finais com este esquema. Portugal é a única seleção mais grande que é apta a jogar neste esquema por ter um déficit de atacantes. Sem Pauleta e Nuno Gomes, hoje a naturalização de Liédson foi mais viável. Colocar Cristiano Ronaldo seria piada. Nesta copa, África do Sul começou com este esquema, mas não foi longe. Austrália é outra equipe que varia entre o 4-2-3-1 e o 4-3-2-1, sempre com um atacante na frente.
Nos clubes, Rafael Benítez jogava neste esquema com somente Torres na frente. Kuyt o outro atacante jogava pela direita, enquanto Gerrard vinha pelo meio. Do lado esquerdo era a deficiência da equipe até a chegada de Maxi Rodriguez. Agora com o recém chegado Joe Cole, difícil saber quem será reserva, ou se um volante será poupado para a entrada do inglês. Se Pellegrini não colocasse Ronaldo como um segundo atacante, o Real Madrid seria outra equipe a utilizar este esquema já que não tem muitos atacantes, ainda mais com a possível saída Raúl González que há tantos anos no clube, está sendo "deixado de lado" pelo clube que tanto honrou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário