Não gostei da contratação de Mano Menezes para técnico da seleção brasileira de futebol após a derrota para a Holanda na Copa de 2010. Não gostei porque o meu preferido era outro gaúcho: Luís Felipe Scolari. Mas como “Felipão” havia chegado há pouco tempo no Palmeiras, isso era pouco provável. Muricy não aceitou o cargo. Sobrou para Mano. Missão complicada já que disputaria apenas amistosos, sem nenhum jogo nas eliminatórias.
As convocações foram feitas, cada um com suas críticas e os jogos também. Mas se na seleção dos jogadores haverá sempre quem discorde, nas partidas da amarelinha não. E o Brasil não estava bem. Não ganhou uma partida contra uma grande seleção e não jogava tanto quanto se esperava com as mais fracas. Mano, porém, fazia o que haviam lhe pedido. O que era o certo. Reformulou a seleção com caras novas e com grande potencial.
Felipão, a escolha mais óbvia FOTO: AFP |
Neymar, Ganso, Pato, Damião, Lucas e Oscar. Esses apenas do meio para frente – em tese – formam a cara da “nova” seleção. Um “quarteto mágico” com dois no banco. Uma geração e tanto com três 89, dois 92 e um 91. E o Mano apostou neles desde o início, apesar de Ganso “o camisa 10 da próxima copa” se machucar, as frequentes lesões de Alexandre Pato e um certo receio, se é que podemos chamar assim, com Lucas.
Veio a Copa América, primeira competição e vergonha. No ano seguinte, Olimpíadas e mesmo que com um sub-23 no qual se questionou a convocação de Hulk ao invés de David Luiz, derrota na final para o México. Para mim, se houvesse um momento para demitir Mano, seria ali. Pelo contrário, seria o técnico na copa em casa. Mas não foi. José Maria Marin presidente da CBF no lugar de Marcelo Teixeira – que foi quem escolheu Mano Menezes – decidiu assumir a bronca.
Demitir Mano no melhor momento do técnico da seleção (apesar do empate com a Colômbia e na vitória nos pênaltis sobre a Argentina) e escolher ele mesmo o seu técnico. Com o anúncio tendo que ser feito para o sorteio da Copa das Confederações (não diga que não foi por isso) Felipão, aquele que eu queria no começo, foi escolhido.
Superstição por ser o técnico que assumiu o comando pouco mais de um ano antes de vencer a Copa de 2002? Também. É a melhor escolha após a saída de Mano? Não. A melhor escolha seria a permanência de Mano. Como isso não aconteceu, muito se debateu sobre quem seria o novo técnico.
Boas opções não faltavam. Muricy Ramalho, Wanderley Luxemburgo, Tite, Abel Braga e até mesmo Pep Guardiola (deixem o cara descansar, por favor). Todavia, nenhuma surpresa com a escolha de Felipão. Além da “superstição” de Marin (minha e de muitos brasileiros, além de uma nova oportunidade para, quem sabe, uma nova “Família Scolari”), os outros técnicos estão muito bem empregados. Muricy no Santos, Luxemburgo no Grêmio e Tite com o Mundial a disputar no Corinthians e Abel Braga (mais provável, mas o menos cotado) com o título no Fluminense. Guardiola, livre e solto tinha o empecilho de ser justamente quem ele é: o Guardiola.
Não que seja um absurdo ver um estrangeiro ser técnico da seleção, mas é que diante de tantas opções que tem aqui, escolher alguém que mudou a forma de jogar de um clube, conquistando vários títulos – com Messi, Xavi e Iniesta – para, se esperava, fazer o mesmo no Brasil, por que não? Porque um ano e seis meses para isso é pouco, muito pouco. Seria cometer dois erros em um: um estrangeiro com pouco tempo de trabalho.
E mesmo que Felipão tenha – em parte – culpa no rebaixamento do Palmeiras, foi com o mesmo time que ele conquistou a Copa do Brasil, torneio mata-mata. E é disso que a seleção precisa. Porém, era necessário alguém mais “atualizado”, ciente de que o futebol é mudou muito após a conquista do penta. E parece que Felipão não está tão ligado à isso. Parece, é o que espero para ver em campo.
E se o Brasil vencer a Copa, ele se aposenta. Se o Brasil perder, "aposentam" ele.
*Termino o texto e vejo que a mãe de Luís Felipe Scolari falece. Triste pelo técnico campeão do meu time na infância.
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